quarta-feira, 21 de abril de 2010

Le Roi et l'oiseau (1980) part 1/9 (English subs)

Pour faire le portrait d'un oiseau

Jacques Prévert (Para fazer o retrato dum pássaro)

Este é o link com a poesia e uma tradução.


Izis e Prevert: entre sonhos de Paris
















"On me dit souvent que me fotos ne sont pas realistes.
Elles ne sont peut-être pas realistes, mais c´est ma realité".
Izis


Estive na exposição IZIS: Paris de Rêves no Hôtel de Ville à Paris. Seu nome, Israëlis Bidermanas, um fotógrafo Lituano (1911-1980) que buscou asilo em Paris. Aos 19 anos foge da miséria de seu país para viver na Paris dos seus sonhos, a capital das artes.

A exposição, que está em cartaz até 29 de maio, apresenta a trajetória deste fotórgrafo. Seu percurso poético ao criar um mundo próprio. Para a curadoria Izis viveu nas suas imagens, se sentindo em comunicação com aqueles que fotografava e aos quais atribuía uma história: as crianças, os amantes, os pobres... com os quais ele reinventava uma família para si. Seria uma construção de sua auto-biografia? Seria a produção de uma vida sonhada, ou ainda, da paris dos seus sonhos? E como poderíamos pensar as relações entre as escolhas de Izis e seu lugar social como exilado?

É um artista pouco lembrado
? Segundo a crítica do Le Monde.fr ele estaria desconhecido porque morreu antes que renascesse o interesse pelos trabalhos do pós-guerra ou, talvez, porque um artista empregado na Paris Match não precisasse divulgar sua obra para sobreviver. É interessante refletir porque o trabalho como fotórgrafo na Paris Match dispensaria divulgação do seu trabalho? A revista era já um meio de divulgação? É apenas por uma questão de sobrevivência que um artista divulga o seu trabalho?

No circuito da exposição são apresentados os retratos que fez de diferentes artistas como: Paul Eluard, André Breton e Chagal, seus percursos como fotógrafo documentarista na Paris Match, sua pesquisa visual sobre o Circo mas neste momento o que mais me inquietou como visitante da exposição foi a realização de trabalhos conjuntos, principalmente, a colaboração fotografo-escritor com Jacques Prévert
onde procuravam pesquisar o diálogo ou a reflexão entre imagem e palavra.

Em seguida apresento alguns slides preparados pelo jornal Le Monde com o Título: A Paris Humanista de Izis.

Le Paris humaniste d'Izis
LEMONDE.FR | 26.01.10

© Le Monde.fr



E pensando a respeito desta relação entre Izis e Prévert desejei pesquisar sobre eles na internet e encontrei trabalhos muito bonitos sobre Prévert. Uma animação do poema "Como fazer um retrato de um pássaro
?" e o outro é um filme "O rei e o pássaro" em que Prévert trabalhou como cenógrafo e também na adaptação dos diálogos. Estes dois vídeos compartilho aqui neste blog. São os dois vídeos que serão publicados em breve . O filme é possível vê-lo na íntegra e está com legendas em inglês. Mais sobre o filme: Le Roi et l'Oiseau, ano de 1980.






quinta-feira, 15 de abril de 2010

As Bandeiras de Arthur Bispo do Rosário.




As diferentes embarcações que encontramos são marcadas pelas diferentes bandeiras coloridas. Observando bem de perto podemos perceber que elas trazem desenhos diferentes e específicos. São símbolos da navegação. Arthur Bispo do Rosário trabalhou como sinaleiro no tempo em que esteve na marinha. Então, ele dominava muito bem este alfabeto. Elas são muito parecidas com aquelas da atividade de sinaleiro. Cada bandeira simboliza uma letra, um número ou um país. As bandeiras não estão penduradas apenas para enfeitar as estas jangadas. Há uma escrita silenciosa registrada nesta beleza. Se precisava reorganizar o mundo, era de si mesmo que deveria partir e, talvez, o seu segredo fosse o eterno desejo de pertencer ao mundo que ele conhecia. Era um lugar de memória, um refúgio no exílio estas embarcações da marinha, principalmente o seu saber-fazer, que poderíamos talvez chamar de compromisso com o mundo. Habilidosamente recortava, aplicava, desfiava, tecia e bordava cada uma das bandeiras, dedicado a esta tarefa de confeccionar os gestos lembrados.







Atravessar o tempo, moi non plus.

Um pedaço do tempo para apreciar a vida. Assim é estar em Saint Denis. Uma brecha para fortalecer o vínculo pessoal. Estar a dois passos do possível. Ter um oceano inteiro para nadar. Fazer do cotidiano uma alternativa para uma rotina encantadora e apaixonante. É elaborar todos os dias um roteiro de viagem. É estar disponível para se surpreender com a natureza e fazer dela uma paisagem simbólica. É estar muito próximo das páginas dos livros de história da arte. Emprestar quinze livros, na biblioteca mais próxima, por um mês. É andar nas ruas lembrando do Walter Benjamim. E assim perceber que há belezas em ser viajante. Desejar narrar. Passar o tempo anotando no caderninho de bolso todas as palavras desconhecidas. É estar autorizada ao alumbramento.