sábado, 4 de dezembro de 2010

Duchamp no Pompidou

Vitrine para abrigar Duchamp no Pompidou. O que fazer? Olhar e fotografar. Pausa. Perguntar ou contemplar? Suspiro. O que vejo é real? Um mictório e o seu fetiche. O Brasil é tão longe... E eu? Aqui e agora. O que eu poderia interpretar? O meu lugar social em relação ao lugar cultural daquele objeto? Deslumbre. Vontade enorme de gritar EU VI UM DUCHAMP. Bobagem, é uma réplica da réplica. Não é a originalidade que conta, não é? Afinal estou falando de um ready-made. Reflexão. Como o Pompidou constrói a memoria de Duchamp e de sua obra, como memoria das artes? Conceito.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Das linhas afetivas entre Saint Denis e Paris

Meus primeiros passos aqui na França não eram marcados pela rotina. Eram todos lugares que eu visitava pela primeira vez. Cheia de encantamento eu me surpreendia diante dos cartões postais ou como eu costumo lembrar daqueles tantos slides vistos na sala escura das aulas de historia da arte, lá no prédio da arquitetura, com a narrativa do professor Sá Pessoa. Agora começo a tatear estes lugares de memoria de um jeito diferente, passou o suspiro do primeiro olhar, não trata-se mais de confirmar na realidade esta cidade imaginaria que eu havia inventado como Paris. Inicio meu percurso afetivo, depois de dez meses, entre Saint Denis e Paris. Não é um trajeto de todos os dias, força do cotidiano. Mas é o mais comum, o mais frequente entre as minhas programações. Já o percorro com pressa, andando nas escadas e passarelas rolantes. Meu olhar neste momento não procura mais nas placas qual é a direção a seguir, caminho sabendo a direção e qual metro devo pegar. Saio de casa, de Saint Denis. Prefiro o RER D, é mais perto e mais rápido.  Este trem expresso me leva até o Chatelet Les Halles, onde tem um shopping. Nesta estação, que é bem grande, devo me encaminhar até a linha amarela, de numero 1. São apenas duas paradas e já estou na praça do Palais Royal Musée du Louvre. E, pelas vezes repetidas que desço nesta estação eu vou, aos poucos, desnaturalizando este cartão postal. Vejo sempre muitos turistas em frente ao Palácio procurando o melhor ângulo para os seus retratos. Se a minha programação é pela manha, vejo os estudantes que chegam para visitar o Louvre. No fim de tarde sempre é possível encontrar os patinadores que treinam no grande terraço da praça. Depois de atravessar esta paisagem tomo a rua em direção ao Instituto Nacional de Historia da Arte, na Galeria Colber. Esta é a minha primeira linha afetiva entre Saint Denis e Paris.